Sabe-se que a educação dos utentes desempenha um papel fundamental no processo de intervenção em fisioterapia. Quer isto dizer que as pessoas têm de levar o bloco de notas quando vão consultar o fisioterapeuta? Vejamos o seguinte exemplo.
A D. Maria é atacada por uma forte dor lombar e decide recorrer à Fisioterapia. Quando o/a fisioterapeuta entra no gabinete, já a d. Maria se deitou na marquesa, de barriga para baixo. Depois de pedir à d. Maria que voltasse um pouco atrás, de conversar com ela e realizar o exame físico, o/a fisioterapeuta percebe que esta foi acometida por uma dor lombar inespecífica (sem causa específica identificável).
Qual será, então, o papel da educação? Neste e noutros casos, o/a fisioterapeuta tem o dever de:
– Fornecer estratégias de autogestão – no caso da d. Maria, um banho relaxante, evitar estar muito tempo na mesma posição ou aumentar os níveis de atividade física, podem ter um impacto positivo nos sintomas;
– Informar acerca do prognóstico da condição – no caso da d. Maria, esta deve ser informada de que a grande maioria das lombalgias inespecíficas acaba por se resolver até às 6 semanas;
– Educar quanto à importância dos fatores psicossociais – se a d. Maria andava a dormir 4 horas por noite, com níveis de stress elevados e com problemas familiares, é provável que estes fatores estivessem a contribuir negativamente para a sua experiência de dor. Por outro lado, a melhoria dos hábitos alimentares ou a cessação tabágica, bem como a redução do medo relacionado com o movimento podem ajudar a diminuir os sintomas;
– Discutir com o/a utente o plano de intervenção – neste caso, a d. Maria deve ser informada que, embora o exercício não atue de forma específica na lombalgia, esta é a ferramenta que apresenta melhores resultados a médio/ longo prazo e que a terapia manual ou os agentes eletrofísicos (p. ex.: o calor ou a eletroterapia) podem ter apenas um papel no alívio dos sintomas a curto prazo.
Ora, o facto de se dever transmitir este conhecimento às pessoas não quer dizer que o/a fisioterapeuta tenha de adquirir um quadro e um giz para dar aulas aos utentes. O processo de educação deve ser dinâmico, feito com linguagem simples e de fácil entendimento por parte das pessoas.
Este texto aborda as linhas orientadoras de um artigo científico que descreve 11 recomendações pelas quais se deve reger a prática clínica de um fisioterapeuta. Esta é a sétima recomendação: providenciar educação ao utente sobre a condição e as suas opções de gestão.
José Lopes e Emanuel Heleno
Fisioterapeutas
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