O que se assinala?
O Dia Mundial da Obesidade assinala-se a 4 de março, destacando a importância da sensibilização para esta doença crónica. Desde 2013, a obesidade é reconhecida como uma doença pela comunidade científica, deixando de ser apenas um fator de risco para outras patologias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a obesidade como a acumulação excessiva de tecido adiposo, que representa um risco para a saúde.

Recentemente, tem surgido um debate à volta da definição e diagnóstico de obesidade, que atualmente se baseia apenas no índice de massa corporal (IMC). Um artigo da revista Lancet, publicado em 2025, sugere um novo termo – a obesidade clínica – e um diagnóstico com maior especificidade.
Como se diagnostica a obesidade?
O diagnóstico de obesidade clínica requer o cumprimento de dois critérios principais: a componente antropométrica e a componente clínica. A componente antropométrica deve incluir outras medidas além do IMC, como a circunferência da cintura, a relação cintura-anca ou a relação cintura-altura. A componente clínica envolve a diminuição da função de órgãos ou tecidos relacionados com a obesidade, que pode ser indicada por sinais, sintomas ou testes de diagnóstico.

Alguns exemplos são a hipertensão, a insuficiência cardíaca, a doença coronária, doenças respiratórias, patologia músculo-esquelética (p.ex. osteoartrose), diabetes e refluxo gastroesofágico. Em alternativa, podem também ser consideradas limitações substanciais na mobilidade e noutras atividades básicas da vida diária (por exemplo, tomar banho, vestir-se, ir à casa de banho, continência e alimentação).
Fatores contextuais da obesidade
A obesidade é uma doença multifatorial, resultante da interação complexa entre fatores ambientais, contextuais e fisiológicos que influenciam o comportamento alimentar e o dispêndio energético.
O ambiente obesogénico em que vivemos tem um papel determinante, marcado pela grande disponibilidade de alimentos ultraprocessados, porções sobredimensionadas e alimentos altamente palatáveis a preços acessíveis. Até a poluição ambiental tem sido apontada como um fator que contribui para a obesidade, através de mecanismos metabólicos.

A obesidade está fortemente associada ao aumento do risco de várias patologias, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, cancro, osteoporose, apneia obstrutiva do sono e doenças gastrointestinais.
Além destas consequências, um dos maiores desafios na abordagem da obesidade é o estigma social. As pessoas com obesidade são frequentemente vítimas de discriminação em escolas, locais de trabalho e até em serviços de saúde. Este estigma tem efeitos negativos na saúde física e mental, além de diminuir a qualidade dos cuidados prestados. Estudos mostram que o estigma pode ter um efeito perverso, levando a maior ingestão calórica e perpetuando o ciclo da obesidade.
Nos últimos anos, a comunidade científica tem defendido o uso de uma linguagem mais respeitosa, referindo-se a uma “pessoa com obesidade” em vez de “pessoa obesa”, de modo a dissociar a doença da identidade individual.
O papel do exercício físico na obesidade
O exercício físico desempenha um papel fundamental na abordagem da obesidade, embora o seu impacto isolado na perda de peso seja limitado.
Dado o efeito eclético do exercício, com resultados benéficos na prevenção e tratamento de inúmeras patologias além das doenças metabólicas, como o cancro, as doenças cardiovasculares e respiratórias, a ansiedade e a depressão e doenças neurodegenerativas, o papel do exercício na obesidade deve centrar-se na melhoria da aptidão cardiorrespiratória (um indicador direto do risco de mortalidade), no controlo das comorbilidades associadas e na promoção da saúde global. Melhorar a aptidão cardiorrespiratória, mesmo sem redução do peso, está associado a uma redução significativa do risco cardiovascular e do risco de mortalidade.
Tendo isto em mente, quando o objetivo se foca na composição corporal, a evidência sugere que a combinação de exercício aeróbio com treino resistido é mais eficaz, contribuindo para a redução da massa gorda e preservação da massa muscular.

Além do exercício estruturado, é crucial incentivar a atividade física diária e reduzir o tempo em comportamento sedentário. Os profissionais de saúde devem apoiar as pessoas na identificação de oportunidades para serem fisicamente ativas e superar barreiras à prática regular de exercício.
A abordagem da obesidade exige mais do que mudanças individuais. É necessária uma intervenção transversal, envolvendo pessoas, instituições e decisores políticos para criar ambientes que favoreçam escolhas saudáveis e promovam a saúde da população.
Este é um artigo escrito em conjunto pela Nutricionista Rute Domingues (2144N) e pelo Fisioterapeuta José Lopes (OF1849).


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