Quando pensa em dezembro, pensa em quê? Muito possivelmente pensa em Natal, passagem de ano, frio, ruas iluminadas, jantares de Natal, troca de prendas, rabanadas, bolo-rei, chocolate, enfim… tudo menos nutrição, certo?
É muito comum, nesta altura do ano, “abandonarmos” os cuidados alimentares, porque achamos que nem vale a pena tentar. São muitas as oportunidades: não é só o Natal e a passagem de ano, são os jantares com os amigos para fazer a troca de prendas, o jantar da empresa, os supermercados que estão cheios de chocolates, as padarias que vendem bolo-rei desde novembro, os bombons que alguém leva para o trabalho… os estímulos são imensos e, por isso, sentimos que é preferível deixar a alimentação equilibrada para janeiro. Mas será que isto faz sentido? Não faz e eu vou explicar-lhe porquê.
Vamos imaginar que habitualmente faz 5 refeições por dia. Isso significa que no mês de dezembro fará 155 refeições. Contando com os jantares de Natal, os lanches especiais, a consoada, o dia 25 de dezembro e a festa de passagem de ano, fará 20 refeições diferentes e mais calóricas. Fazendo as contas, isto quer dizer que lhe restam ainda 135 refeições que podem ser saudáveis! Agora eu pergunto, faz sentido sabotar 135 refeições que podem ser equilibradas, por apenas 20 que poderão ter mais excessos? Não me parece! Então, porque pensamos assim? Muitas vezes está presente aquele pensamento de “tudo ou nada”, “8 ou 80” ou “perdido por 100, perdido por 1000”, mas isto não é ter uma alimentação equilibrada. Comer dois bombons com o café não vai anular o benefício de ter comido sopa no início da refeição. Não é por ter comido uma fatia de bolo-rei ao lanche que não vale a pena comer legumes ao jantar. Costumo dizer que todos os alimentos têm uma função: uns são para nutrir o nosso corpo (dão-nos energia e nutrientes), outros são para nutrir a nossa alma (dão-nos prazer e satisfação). O mês de dezembro é de facto um mês especial, pelas tradições, pelas memórias que se criam, pelas festas, pelo convívio e também pela comida. Aceitar que isto faz parte de uma alimentação saudável é o primeiro passo para viver esta época com equilíbrio.
Não viva o mês de dezembro a pensar que em janeiro vai começar uma dieta. Melhor, nunca mais faça uma dieta! Não faça do mês de dezembro o mês da “estragação”, nem os restantes meses do ano os meses de restrição. Tenha uma alimentação equilibrada durante o ano inteiro e nunca mais haverá dieta para ninguém.
Rute Domingues
Nutricionista
ESPAÇO P | SAÚDE E BEM-ESTAR